PurpleLook

Quando criei este blogue foi com o intuito de ter um espaço onde pudesse desabafar sobre as coisas mais ínfimas da minha vida pessoal. Este blogue não foi divulgado a família e amigos e quem o descobriu fe-lo por conta própria e foi muito bem-vindo. Não é por isso que este canto não continua a ser um porto de abrigo quando não posso verbalizar tudo o que sinto. E como não vivo uma vida perfeita nem sempre são alegrias e realizações pessoais que pautam os meus pensamentos.

Nos últimos tempos os tombos têm sido grandes e eu tenho tido muita dificuldade em escrever sobre o que sinto sem ter a sensação de que estou a maçar quem me lê. Não foi de todo esse o propósito deste género de diário digital. Assim tenho evitado publicar posts, porque o que realmente me apetece escrever não interessa a ninguém e todos os posts sobre as futilidades que eu tanto adoro não me interessam a mim.

Neste momento, no preciso momento em que escrevo não consigo conter as lágrimas e não por ser mais frágil ou mais infeliz do que qualquer outra pessoa mas porque a máxima "Só estamos bem quando os outros estão bem" assenta que nem uma luva em todos os últimos acontecimentos. E no momento seguinte estarei muito provavelmente a sorrir enquanto ainda limpo as lágrimas. Porque sou louca? Não. Porque assumimos vários papéis na nossa vida, alguns dão-nos alegrias e outros tristezas e há que contrabalançar o bom e o mau de tudo. Hoje sou mãe de alguém que me faz sorrir todos os dias, que me procura com o olhar como se eu fosse o seu mundo, sou esposa de alguém que é um verdadeiro companheiro para a vida, que me abraça sempre e nunca me deixa saltar no desconhecido sem pára-quedas...mas sou também a sobrinha e afilhada de alguém que está a definhar aos poucos, que está a sofrer muito com um cancro muito agressivo e que acima de tudo não merecia este destino, sou a prima de dois miúdos que não conseguem sequer perceber de onde é que tudo isto apareceu e sou a sobrinha e afilhada de alguém que considero o meu pai e que está a ser um verdadeiro herói.

A família é o nosso verdadeiro pilar e são estes momentos que mostram a cola que os une. Depois de uma perda tão recente foi importante assumirmos uma responsabilidade uns pelos outros e se ninguém à minha volta chora, se ninguém desiste então não vou ser uma excepção à regra. Para isso preciso de me sentir mais leve, por isso mesmo, os próximos posts provavelmente não serão muito diferentes desta sintonia. Não farão a diferença na vida de ninguém mas irão permitir-me encarar aquilo que o destino nos reserva mais à frente, seja bom ou mau, com mais força. A quem me lê peço desculpa.