quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fútil ou elementar?!

Durante a gravidez fui sempre acompanhada no Hospital Privado onde vou frequentemente. Quando tive a primeira hemorragia foi para lá que me dirigi sem pensar duas vezes e foi lá que estive internada durante as três semanas seguintes.

Naquela altura como agora algumas vozes levantaram-se contra a minha opção. Ouvi vezes sem conta "Quando as coisas correm mal é para o público que as pessoas vão" ou "Os hospitais privados são apenas hotéis". E ignorei até à exaustão tais comentários. Primeiro porque sempre fui um chamado "caso complicado" e segundo porque só podemos criticar algo quando temos base para isso.

A verdade é que a avó está internada num hospital público com mais três pessoas e uma das quais não deve muito à sanidade mental então grita, geme e fala sozinha com pessoas imaginárias. A porta do quarto está sempre aberta com o enorme barulho que existe nos corredores, a televisão está sempre desligada e a casa de banho fica no meio do corredor. Os cuidados de saúde prestados têm sido bons mas avó não consegue descansar como seria de esperar e está desejosa de regressar a casa. Mesmo assim não se queixa.

Eu estive num quarto sozinha com casa de banho privativa, televisão, internet e sofás para as visitas. A porta estava fechada e sempre que precisava de ajuda fora das rondas frequentes das enfermeiras e das auxiliares puxava a campainha e era assistida. Para além disso e acima de tudo os cuidados de saúde prestados foram muito bons, todas as equipas que receberam o meu caso foram muito prestáveis e nunca estive um dia sem ser visitada por um médico para saber novidades. Estive desde o início perfeitamente esclarecida sobre o que podia acontecer, o que se faria caso tudo se complica-se ainda mais, as unidades de sangue que estavam reservadas e os resultados dos vários exames diários.

Isto é estar num hotel?! Eu diria que isto é aquilo que esperamos do nosso sistema nacional de saúde e que nem sempre obtemos. E acredito que só quem passa por um internamento relativamente longo é que tem noção da falta que faz o descanso e a tranquilidade. É claro que nada disto é gratuito mas existem custos que na óptica custo/benefício são inquantificáveis.

Com isto não quero dizer que sou anti-hospitais públicos, porque ainda há pouco tempo a Di teve de ser assistida de urgência no mesmo que a avó está internada e não fomos de todo mal atendidos. Mas em caso de internamento não irei pensar duas vezes na hora de optar entre público e privado porque aquilo que parece fútil já se tornou elementar à muito tempo.

4 comentários:

  1. Purple concordo com tudo que dizes, só me custa, é haver tanta gente que não pode usufruir destes cuidados que referes...
    E que muitas vezes chega a ficar sem os cuidados de saúde básicos.
    Os hospitais públicos deviam isto sim estar a altura dos privados para que todos tivessem os mesmos direitos no que concerne a saúde.
    beijão.

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  2. A minha bomboca nasceu num hospital público e fui muito bem tratada, não tenho mesmo nada a apontar,
    tenho uma amiga teve o bebé dela num hospital privado, a recuperação não correu bem mas també foi nesse mesmo hospital que resolveram a situação,
    Ela disse-me também que o hospital da minha zona não tinha nada a ver com o hospital da zona dela, o "meu" era muito mais limpo, mais silencioso, estava melhor organizado,
    ou seja há de tudo, quer me parecer que tanto no público como no privado,
    bjo

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  3. É verdade anf. Eu acho que no mínimo devíamos esperar do hospital público do nosso conselho o mesmo que o do conselho vizinho. Mas existem muitos hospitais públicos a precisarem urgentemente de obras de melhoria e até lá é quem precisa dos cuidados de saúde é que sofre.
    No que diz respeito aos privados, existem sempre pessoas com queixas pelos mais diversos motivos. Mas as condições oferecidas são normalmente uniformes e infelizmente bastante distintas de alguns hospitais públicos. É lamentável porque os técnicos esses sim trabalham nos dois lados e em alguns casos devem ficar bastante frustrados.

    Beiju

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  4. Concordo com tudo o que dizes qerida.
    Eu tambem tive o Piolhinho no Privado, muito por causa das condições francamente melhores. Quando, às 32 semanas, tive ameaça de parto pré-termo dirigi-me ao meu hospital, e o médico internou-me no hospital publico, pois áinda não tinha completado as 33 semanas. A equipa que tive no meu parto, era quase toda a que me acompanhou na semana de internamento. Mas mais atenciosos. As condições são francamente melhores e os protocolos são completamente distintos. Acho que nao tem nada a ver com futilidade. Apenas são as prioridades de cada um.

    Beijinho grande para a tua bebé

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