Não ando boa. Nem má. Ando muito nervosa.
Por uma estupidez. Por um engano. Que trouxe fantasmas de um passado não muito
distante.
O telefone tocou há dias, com um
número que eu não conhecia. Atendi. Ouvi uma máquina a monitorizar o batimento
cardíaco, e a voz de um homem a comunicar por rádio qualquer coisa. As palavras
camião, virar, atravessar ecoaram-ma na cabeça como um tiro. Chamei
incessantemente por alguém. Ninguém me respondia. E o som do coração de alguém
do outro lado. Gelei, perdi o chão. Só pensava no R. e na mota. Perdi noção de
onde estava e comecei a gritar por alguém do outro lado. Nada. Ao meu lado alguém
que tentava perceber o que se passava diz-me “Calma, houve ali em cima um
acidente com um camião, será isso?”. Eu grito ainda mais por alguém do outro
lado. Nada. Desligo. Ligo para o R. completamente em pânico. Telefone
desligado. Toda eu tremia. Ligo para o tal número. Atendem-me do outro lado com
uma voz confusa. Pergunto o que se passa, o que aconteceu. Os fantasmas do
passado atingiam-me como um raio. As más notícias chegam sempre por telefone. Afinal
era engano.
Ainda bem que foi engano.
ResponderEliminar