quinta-feira, 29 de outubro de 2009

É simples...

Sempre trabalhei na empresa onde estou, que me acolheu ainda durante o curso e onde consegui articular aulas e trabalho com alguma ginástica mas muita compreensão.
Confesso que além da visão estrutural sempre valorizei a preocupação da empresa em acolher jovens com problemas de inclusão ou até psicológicos de forma a proporcionar-lhes um novo rumo e a possibilidade de contribuírem para a sociedade como sempre desejaram.

Tenho acompanhado alguns casos de jovens que agarram esta oportunidade com unhas e dentes e outros que mais tarde ou mais cedo fraquejam e abrem uma nova fissura para os problemas passarem. Simplesmente às vezes as feridas falam tão mais alto que impedem qualquer tipo de ajuda de chegar a bom porto.

À duas semanas chegou outro jovem, tímido mas com aquele ar de quem vem para "mostrar trabalho".
No primeiro dia foi observado por todos, era engraçado vê-lo a passar por todas as secções para tirar dúvidas e o ar super feliz que transparecia quando terminava uma tarefa. À hora de saída despediu-se várias vezes de toda a gente, teve uma luta com a maquina de ponto e despertou a boa disposição na empresa...era óbvio que todos tinham gostado dele.
Passou-se um dia e outro e outro, e as peripécias sucederam-se, os colegas conseguiram que ele nunca se sentisse stressado quando algo corria mal porque afinal de contas se todos nós quando chegamos a um trabalho novo sentimos alguma dificuldade então imaginem o esforço que ele emprega em cada tarefa.

O mais relevante é que ele como tantos outros por serem tão genuínos mostram claramente a sua espontaneidade em cada acção e a sua humildade em corrigir erros e aprender mais.
Confesso que sem ele imaginar, durante a pausa do café passo largos minutos no gabinete a observa-lo e a pensar que como ele devem existir muitos outros que só precisam de um voto de confiança. Cabe às empresas por esse país fora contribuírem de alguma forma para mostrar que estes jovens têm tanto valor como força activa como qualquer outra força de trabalho e assim atenuar grande parte dos seus problemas.

E lembrei-me disto tudo porque ontem em reunião recordamos algumas das peripécias passadas e acabamos a chorar a rir no gabinete, com a certeza que são as coisas mais simples da vida que tornam as pessoas tão especiais, com problemas ou não, e que ele já é um membro da nossa equipa.

Beijinhus

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