quarta-feira, 2 de junho de 2010

Regresso ao passado #1

Hoje é dia de escrever a fita de fim de curso para um amigo, e nestas alturas em que relembramos um caminho em comum de muitos anos é inevitável regressar ao passado.

Quando chegamos ao último exame, à derradeira prova final é natural que os nervos se apoderem de nós.
A cadeira em questão era Estatística II, com um índice de reprovação muito grande porque nem todos eramos almas iluminadas em Econometria.

Tinha dois meses para me preparar para o Exame, e como trabalhava meti férias e meti a cabeça nos livros como nunca. Não tinha vida própria e não fazia questão de ter, todos os minutos eram dedicados a estudar, troquei os meus horários de estudo de diurnos para nocturnos, até que já acordava às 9h da manhã e estudava até às 3/4h da manhã. Às vezes já nem posição tinha para estar sentada, mas sempre que parava sentia que me estava a esquecer dos raciocínios e o medo de falhar era tão grande que voltava à carga.

A explicação era em Lisboa, e o R. (que estava de férias) fazia questão de me levar até lá e esperar por mim para atenuar um pouco o meu desgaste.

Os meses foram passando até ao dia do Exame, lembro-me de entrar no anfiteatro, de começar a tremer assim que comecei a folhear as várias páginas, de sentir as lágrimas quase a cair vezes sem conta, de ter de respirar fundo muitas vezes para me lembrar de como "aquele" cálculo era feito.

Sai do anfiteatro em passo acelerado, fazendo de conta que não via os meus amigos porque precisava de chorar, precisava de deitar tudo cá para fora, estava esgotada e eles não deviam estar melhores. Felizmente os amigos sabem sempre como funcionamos, sabem quase como por magia onde nos encontrar e como nos confortar.

Fomos para a esplanada dos Meninos do Rio, rogar pragas ao dito exame, olhar o Tejo esperando que a frustração ficasse por ali mesmo afogada naquelas águas. Estivemos ali até ao fim da tarde, sem vontade de acordar para o Mundo.
Passaram algumas semanas, naquela altura já consultava as notas online de meia em meia hora, até que a minha melhor amiga me telefona incrédula, porque...tinhamos passado...as duas. Foi uma mistura inicial de sentimentos, entre a nossa felicidade e a tristeza pelos outros.
A verdade é que quando desliguei apoderou-se de mim uma alegria tão grande, parecia que tinha conquistado o topo de uma montanha e não o fim de uma licenciatura, e acima de tudo era o início de uma nova fase na minha vida o OK para poder seguir em frente.

Hoje olhando para trás, sinto que cada minuto de estudo valeu a pena, que não faria nada diferente, que nada me foi servido de bandeja e que lutar pelos nossos objectivos não é fácil mas é tão gratificante.

Existem vitórias que fazem de nós aquilo que somos hoje, aqui e agora.

Existem conquistas que merecem toda a nossa entrega.

1 comentário: