Aos moralistas...

Existem pessoas dramáticas por Natureza, não sei se é feitio ou se a tendência é relativizar os desejos/sonhos dos outros.

Quando o R. me pediu em casamento 99% das pessoas ficaram felizes, e a maioria considerou que era um passo natural para nós, porque já estavamos juntos à uns anos, porque já tinhamos casa e porque acima de tudo era a nossa vontade.

O restante 1% não tardou em debitar lições de vida ou de moral, que lá achavam ser muito importantes para nós.

- "Olhem que namorar é que é bom, o casamento é muito dificil porque estão sempre juntos."

- "Ai ai, quando vocês se chatearem e tiverem de dormir juntos é que vão ver."

- "Quando arrumares a casa e ele tiver a beber cerveja no sofá vais ter vontade de ser solteira."

- "Já viram a taxa de divórcio?! O casamento é um negócio."

E por aí em diante...

A questão é que estamos casados há quase um ano e, pasme-se este 1%, só nos tornamos ainda mais companheiros, mais confidentes e mais amados um pelo outro.

Agora começa a surgir a vontade de sermos pais, talvez para o ano. Para nós faz todo o sentido construirmos uma família mas não temos pressa e portanto pensamos nas coisas a médio prazo.

Mas adivinhem, os moralistas voltaram.

- "Vocês só pensem em filhos daqui por uns quatro anos, é que depois acaba-se o sossego."

- "Ai os meus filhos dão tanto trabalho, vocês sabem lá o que é andar atrás de uma criança o dia inteiro. Vão ver o que custa."

- "E depois quando quiserem viajar? Não podem ir à vontade."

- "Sabem que a taxa de divórcio é muito maior para casais com filhos?"

Poupem-me sim?! Se por cada decisão só tivesse em conta os contras então não saia de casa para não ser atropelada ou porque tropeçava nos próprios pés e partia a cabeça.

Há algum sentido nisto? Deixem as pessoas viverem ao seu gosto, acreditar nos projectos de vida é um mérito quando não sabemos o que o amanhã nos reserva.

Frustrações não trazem felicidade a ninguém.