quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os buracos negros da vida...


Não sou uma pessoa rancorosa, eu tento convencer-me a mim própria de que consigo odiar quem me magoa até à exaustão mas não é verdade. A determinada altura sinto que todas as dores me abandonam como se o vento as levasse sem a minha permissão. Nunca tive o impulso de as tentar agarrar e devolvê-las ao meu peito.

Não gosto de discussões, sinto-me miserável por alimentar qualquer uma e muitas vezes choro por deixar-me a mim própria sem chão. A agonia que uma discussão me dá é sempre sucedida por uma ansiedade de voltar atrás no tempo, para aquele momento em que estava tudo bem.

E depois vem a sensação de que é tudo tão desnecessário, tão fútil e minimalista e sinto novamente as dores a voarem para fora do peito, para longe do pensamento e o meu coração volta a bater no compasso certo.

Sou afinal uma pessoa de despedidas, de adeus definitivos, de olhar à minha volta e decidir que por ali já não vale a pena, e abro mão, do bom e do mau, da tristeza e da alegria, das memórias e até das saudades. E daquela pessoa sobra um estranho vazio, o qual me permite ter a certeza de que não foi tudo um sonho, de que esta pessoa existiu algures na minha vida.

Em 25 anos já o fiz 4 vezes, sem qualquer dúvida e como se corta-se o cordão umbilical que me ligava a cada uma destas pessoas. Nunca me consegui arrepender, nem na altura, nem quando a decisão tinha sido tomada e nem hoje ao relembrar os vazios da minha vida.

Não sei se este é o segredo para a felicidade ou para mascarar as dores da vida, talvez fosse melhor se eu acreditasse em segundas/terceiras/quartas oportunidades, mas eu só acredito no que o meu coração acredita.

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