quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nos últimos tempos...

Tenho-me deparado com inúmeras histórias de casais com problemas de infertilidade. Um assunto que me parece ainda ser um pouco tabu por toda a carga psicológica e física que representa.

Nem todas as mulheres sentem o apelo da maternidade, e não é por isso que são menos mulheres, mas para uma grande maioria o relógio biológico toca mais cedo ou mais tarde. Olhando à volta e vendo tantas grávidas, pensa-se muitas vezes que tudo se resume a aceitar esta decisão e o resto estará nas mãos da Natureza.

Mas nem sempre é assim, aliás cada vez menos é assim, com a avançar da idade e o estilo de vida actual surgem problemas de saúde que não são despistados com um simples check-up. Problemas de ovulação, problemas genéticos, problemas de mobilidade de espermatozóides, problemas na forma do útero, falência ovárica, rejeição de implantação uterina são apenas alguns dos dramas que muitos casais se deparam depois de alguns meses ou anos de tentativas sem sucesso.

E quando as mulheres conseguem engravidar e infelizmente abortam, tal facto é considerado normal atendendo à estatística e só após o terceiro aborto é que são investigadas as causas e realizados os devidos exames para apurar a origem das perdas. Três abortos?! Nenhuma mulher devia passar por um, quanto mais por três até poder ter respostas.

Inacreditável, na minha perspectiva, é a falta de apoio do Ministério da Saúde neste campo, com tratamentos hormonais, FIV e procedimentos mais agressivos que custam uma fortuna, com longas filas de espera e falta de apoio psicológico neste processo muitos casais acabam por desistir do seu sonho. Embora a adopção seja sempre uma opção, o processo é longo, muito burocrático e representa para muitos aceitar que biologicamente a reprodução é inviável e duvido que alguém o aceite de ânimo leve.

Fico incrivelmente triste ao acompanhar alguns destes dramas mais de perto, e compreendo porque é que este não é um tema de conversa usual, é que na falta de respostas e de apoio as pessoas optam por guardar a dor para si mesmos e ainda assim acreditar que um dia vai ser possível, um dia a luta vai ser recompensada. Eu acredito que estes seres humanos merecem o melhor e desejo que consigam o que tanto sonham, um filho.

3 comentários:

  1. É completamente assustador...ainda há pouco tempo vi um documentário sobre isso e fiquei chocada!

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  2. Olá Purple,
    tenho uma prima que infelizmente está a passar por esse processo todo...
    O marido dela tem um problema que os impede de ter filhos, e ali o desgosto fala mais alto, por isso escondem, evitam de falar no assunto, fazem todos os tratamentos possiveis, se bem que alguns custam tanto como comprar uma casa e no fim o resultado é sempre o mesmo...
    É um assunto de um enorme tabu, pois o desgosto para as pessoas é bem maior!!

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  3. Olá Purple!
    Li e gostei. Porque me identifico com tudo o que disseste.
    Já engravidei duas vezes (naturalmente) e perdi as duas :( Recorri ao Hospital público (no privado é caríssimo) para tentar perceber as razões das minhas perdas e a razão pela qual, ao fim de 8 meses de tentativas, ainda não voltei a engravidar. Foi um 31 quererem passar-me todos os exames necessários, porque teoricamente nós "não encaixávamos no padrão de infertilidade"!!! Não estavamos a tentar há 1 ano ou mais! Incrível!
    Após muita insistência da nossa parte, lá fizemos exames genéticos, ecografias e exames ao sangue...tudo normal, excepto ao sangue que ainda desconheço os resultados.
    Já tenho quase 36 anos, o meu relógio bate há muito tempo. Dói muito e dói mais porque não há apoios, quer financeiros quer psocológicos para mães que perdem os seus filhos ou que os querem ter...mas em contrapartida, financiam-se os abortos voluntários e essas mulheres recebem acompanhamento psicológico...incongruências da vida!
    Eu ainda luto pelo meu sonho...sei que vou conseguir!
    Beijinhos, Sandra.

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