quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Lei das Probabilidades...

A probabilidade de a placenta não subir durante a gravidez é de 1%. Eu descartei os 99% e passei a fazer parte do leque daquele 1%. A probabilidade de alguém ganhar o primeiro prémio do Euromilhões é de 0.00014% no entanto não conheço ninguém que o tenha conseguido. Já a probabilidade de termos um filho com cancro e de o segundo filho ter a mesma doença é de 0.0001%. Mas hoje conheci a história de alguém que teve fé na Lei das Probabilidades e que tentou ter um segundo filho para salvar o primeiro. Acontece que a vida não é justa, muito longe disso e o segundo filho é hoje também um doente do IPO, partilha o quarto com o irmão durante os longos meses de tratamento e aqueles pais dividem-se entre a angústia de ter não um mas dois filhos doentes e o desgosto de ao invés de terem encontrado o sonho da cura para um terem chocado directamente com aquela probabilidade ínfima que se traduz no sofrimento de mais um filho.
Como se isto não fosse suficiente, existem apenas 900 pessoas em todo o Mundo com a mesma doença que estas duas crianças, o que se traduz numa probabilidade que roça muito perto do zero. E mesmo assim estes dois irmãos que deviam partilhar carrinhos e bolas de futebol partilham um bicho feio que lhes suga a infância e a felicidade dos pais.
Mesmo assim, mesmo que as probabilidades sejam umas cabras que têm o dom de escrever histórias estes pais estão decididos a serem eles a escrever o final. Com os dois filhos a regressarem a casa com a palavra remissão entoada alto e bom som e um enorme futuro pela frente. E ninguém se atreve a duvidar disso mesmo que as probabilidades agora joguem contra. Porque a bonança chega sempre mesmo depois da maior tempestade que já se sentiu.

Histórias como esta e como a que li aqui fazem-me recordar de que existem Problemas que encerram uma lição de vida para além do que conseguimos compreender e as merdices de que nos queixamos no dia-a-dia (como o pão de forma com bolor) e que nos fazem sentir acima de tudo pessoas mesquinhas e egoístas. Resta-nos desejar que um dia a probabilidade de uma criança morrer de cancro seja de 0%, sem qualquer margem de manobra.

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