quinta-feira, 7 de março de 2013

2 anos...

Era um dia como tantos outros. Mas não para mim. Já tinha um atraso de meio dia neste meu relógio natural tão certo. Havia um nervosinho miudinho. Lembro-me de pensar que não podia ser, já tinha feito um teste há dois dias e tinha dado negativo. Tolice. O período ia aparecer e eu teria estado tão ansiosa para nada. Por volta da hora de almoço a curiosidade atingia máximos históricos. Fui a uma fármacia. Escolhi o teste da moda na esperança vã de assinalar o momento com um teste bonitinho. Voltei para trás cinco vezes para o trocar por um mais barato. Não o fiz e paguei o valor remoendo para mim mesma que me ia arrepender. Entrei na A1 para fazer um percurso de 10 Km. Precisava de libertar alguns nervos antes de fazer o teste. Tinha a certeza absoluta de que estava a imaginar coisas. Um teste negativo é Negativo. Mas não. Nesse dia foi o principio de uma história que se escreve todos os dias. Imaginei-a durante sete meses a fio. Dancei com a minha barriga como se a tivesse no colo. Desesperei com medo de a perder. Mas desesperei baixinho para não a afligir. Pedi baixinho mais 24h durante duas semanas. Só mais 24h. Só mais um bocadinho. E ela nasceu no tempo que era o dela. Apressada e com vontade de agarrar a vida com as suas próprias mãos.

Correram 17 meses desde o dia em que aquele teste digital me confirmou uma gravidez muito desejada. Hoje ela já dança comigo. E corre para os meus braços. Dá-me mimi. Pede desculpas com a mãozinha a pedir beijinhos na minha boca. Ri quando corro atrás dela. Ri mais quando a apanho. Ri muito quando a encho de cócegas. Encosta a testa na minha boca quando quer beijinhos. Aninha-se nas minhas pernas quando tem vergonha. Pede colinho de bracinhos esticados. E foge do colo assim que a sua curiosidade descobre algo no chão. É destemida. Simpática. Teimosa. Dorminhoca. Comilona. Mexerica. É perfeita aos meus olhos. Aos olhos da sua mãe. E este tempo em casa tem-me permitido conhece-la cada vez melhor. Criar laços ainda mais estreitos e acompanhar o seu crescimento de uma forma privilegiada. Não pretendo nem desejo ser mãe a tempo inteiro. Não me consigo resumir a este papel. MAS por agora sinto-me feliz pelo bem que fazemos uma à outra a tempo inteiro, nesta relação que me torna uma pessoa mais paciente enquanto a tento ensinar a viver neste mundo tão complexo. Dois anos depois o que perdi em tempo livre foi largamente compensado em gestos de amor.

4 comentários:

  1. ...e, acredita, esse tempo que lhe dás faz-lhe tão, mas tão bem...

    ...pudesse eu ter esse tempo com a minha...

    :)

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  2. Como eu gostaria de passar mais tempo com a minha, às vezes fico mesmo triste por não ser eu a estar com ela o dia inteiro... mas tento que no tempo que estamos juntas aproveitar cada minutinho...


    https://www.facebook.com/pages/Record-Art/147104988784308?ref=hl
    (coisas amorosas feitas por alguem desempregada, mas com umas mãos incriveis)

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