quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mãe esse demónio...

Versão 1 
 
Mãe é sempre aquele ser maléfico que quando evoca o nosso nome de forma ríspida é sinal de que estamos metidos num grande sarilho. E depois surge o beicinho, as lágrimas de enorme sofrimento porque fomos contrariados e o olhar de gato das botas em direcção aos avós salvadores da pátria. Mas a Mãe também olha para os avós. E eles nem piam. Portanto toca de enfiar na boca aquilo que só íamos atirar para o chão e fazer o nosso ar mais compostinho para que a Mãe nos dê um sorriso. Sim que a Mãe também ri mas só às vezes.

Versão 2

Filha insiste em tirar da boca o almoço. Vou assistindo à luta da avó para contrariar tal feito. Não me meto porque era a senhora que lhe estava a dar o almoço. Filha ignora a avó e atira comida para o chão. Ouve o nome dela de forma curta e grossa e de sobressalto percebe que já fez disparate. Faz beicinho e olha para a avó mas a mesma nem pia. Digo-lhe para colocar na boca aquilo que tem na mão e ela fá-lo muito rapidamente mostrando-me as mãos vazias. A morder o lábio penso  "Não vou aguentar" e viro-me de costas para poder rir da prontidão da rapariga. Os avós e o pai escondem a cara para rir também. Filha confusa procura aprovação nos meus olhos. E eu sorrio e dou-lhe um beijinho. Porque os filhos às vezes fazem disparates mas só às vezes.

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